Independentemente de suas circunstâncias específicas, quando criança você foi doutrinado com recomendações sobre a importância de ser bom, de ser santo e perfeito. Quase toda vez que seu comportamento não correspondia a essa diretriz, de uma forma ou de outra você era castigado. É muito possível que o pior castigo tenha sido o de seus pais lhe negarem afeto; eles se enraiveciam e você tinha a impressão de que não o amavam mais. Não admira que "maldade" fosse, então, associada com castigo e infelicidade, e "bondade", com recompensa e felicidade. Daí que ser "bom" e "perfeito" se tornou um dever absoluto, uma questão de vida ou morte. Ainda assim, você sabia perfeitamente bem que não era tão bom e tão perfeito como o mundo parecia esperar que você fosse. E isto precisava ser escondido; tornou-se uma culpa secreta, e você começou a construir um falso eu. Este, pensava você, seria a sua proteção, o seu meio de alcançar o que deseja desesperadamente — vida, felicidade, segurança, autoconfiança. A consciência dessa aparência falsa começou a se desvanecer, mas você estava e está permanentemente transpassado pela culpa de fingir ser o que não é. Você se empenha cada vez mais para se tornar esse falso eu, esse eu idealizado. Você estava, e inconscientemente ainda está, convencido de que se se esforçar o bastante, algum dia você será esse eu. Mas através dessa tentativa artificial de comprimir-se dentro de algo que não é, você jamais chegará ao auto-aperfeiçoamento, à autopurificação e a um desenvolvimento autênticos. Você começou a construir um eu irreal sobre BASES FALSAS e deixou de lado o seu verdadeiro eu. Na verdade, você está escondendo isso desesperadamente.
Eva Pierrakos
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