- Os adultos são senhores (e não servos!) da criança dependente;
- assim como deuses, eles determinam o certo e o errado;
- sua ira se origina de seus próprios conflitos;
- eles imputam a responsabilidade disso às crianças;
- os pais sempre devem ser protegidos;
- os sentimentos vivazes da criança representam um perigo para o dominador;
- devemos tão cedo quanto possível "tirar a vontade" da criança;
- tudo deve acontecer muito precocemente, para que a criança "não perceba" e não possa trair o adulto.
Os meios de repressão dessa vivacidade são: preparar armadilhas, mentir, utilizar a astúcia, dissimular, manipular, infundir medo, privar do amor, isolar, desconfiar, humilhar, desprezar, zombar, causar vergonha, empregar a violência, chegando até a tortura.
Também faz parte da "pedagogia negra" passar à criança desde o início informações e opiniões erradas. Essas são transmitidas há gerações e aceitas respeitosamente pelas crianças, embora elas não apenas não sejam comprovadas, mas, ao contrário, sejam comprovadamente falsas. Entre elas, encontram-se opiniões como:
- o sentimento de dever gera amor;
- é possível eliminar o ódio com proibições;
- os pais, enquanto pais, merecem respeito a priori;
- as crianças a priori não merecem respeito;
- a obediência fortalece;
- uma elevada auto-avaliação é prejudicial;
- uma baixa auto-avaliação conduz ao humanitarismo;
- os mimos são prejudiciais (idolatria);
- é ruim consentir com as necessidades das crianças;
- dureza e frieza significam um bom preparo para a vida;
- a gratidão fingida é melhor do que a ingratidão verdadeira;
- o comprometimento é mais importante do que a própria essência da pessoa;
- os pais e Deus não sobrevivem a uma ofensa;
- o corpo é algo sujo e repugnante;
- a intensidade dos sentimentos é prejudicial;
- os pais são seres livres de pulsões e de culpa;
- os pais sempre têm razão;
Fonte:
No princípio era a educação
Autora: Alice Miller
Editora: Martins Fontes
Páginas: 72 e 73
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