Inventário

INVENTARIANDO A NATUREZA EMOCIONAL DO AMBIENTE INICIAL
ATENÇÃO: É preciso observar os traumas de forma consciente e com limites; caso contrário perpetua-se a traumatização de si mesmo ou então, o derrame dessa traumatização em terceiros. Com isso em mente, boa leitura!. 

"A melhor resposta à emoção negativa é permitir que ela se auto-liberte, ao permanecer na consciência não-dual, livre do apego e aversão. Se pudermos fazer isto, a emoção passa através de nós como um pássaro voando através do espaço; nenhum traço da sua passagem permanece. A emoção surge e então espontaneamente dissolve-se no vazio." — Tenzin Wangyal Rinpoche


“Só eu sei, as esquinas por que passei, só eu sei. Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar, sabe lá? E quem será nos arredores do amor que vai saber reparar?” - Djavan 

"Os psicanalistas sabem muito bem que, sob certas circunstâncias, pode demorar muito tempo até que a censura reprimida por trinta, quarenta ou cinquenta anos de uma criança possa ser articulada e vivenciada." —  Alice Miller

“Quando você observa e absorve o real daquilo que observa, toda a estrutura dos condicionamentos começa a desmoronar como carreira de dominó. No cair do último, você se vê absolvido.” — Outsider
  1. Você sente que a noticia de sua gestação foi recebida com alegria e o sentimento de bem-aventurança?
  2. Em sua infância, os adultos significativos ao seu redor lhe possibilitavam um ambiente onde havia a possibilidade de você externar livremente suas perguntas? Qual era a qualidade das respostas recebidas? Elas lhe esclareciam ou apenas lhe apontavam em direção ao ajustamento?
  3. Os adultos significativos eram capazes de trabalhar, de forma madura, seus próprios medos sem derramá-los no ambiente? Ou os narcotizavam com alguma forma de padrão de comportamento obsessivo-compulsivo?
  4. Em caso afirmativo, você se sentia culpado ou responsável pela amenização da atmosfera de medo que infectava o ambiente?
  5. Alguma vez se sentiu forçado a “idealizar seus pais e/ou seu ambiente familiar”, tanto para si mesmo como para os demais?
  6. Seus pais lhe proporcionavam a abertura para que você pudesse expressar suas decepções relativas ao comportamento dos mesmos?
  7. Lembra-se de ter sofrido algum tipo de abuso por parte de algum membro de sua família e, além disso, ver-se forçado a manter tal abuso, bem como seus sentimentos em segredo?
  8. Em seu ambiente de origem, sentia que seus sentimentos e necessidades eram tratadas com desdém? Viu-se, portanto, obrigado a assumir o terrível isolamento interno e a desintegração dos sentimentos? 
  9. Você podia expressar espontaneamente seus sentimentos e reações naturais à dor ou a outra manifestação de necessidade ou tinha que reprimi-los, por medo de receber alguma forma de castigo?
  10. Via-se constantemente forçado a reprimir seus pensamentos e emoções?
  11. Era constantemente forçado ao silêncio? Por outro lado, seus momentos de silêncio espontâneo eram recebidos como a manifestação de algo problemático?
  12. As pessoas significativas faziam uso do “silêncio rancoroso” como forma de manipulação emocional e comportamental?
  13. Viu-se forçado a abster-se das coisas que gostava para não perder a atenção das pessoas que lhe eram significativas?
  14. Sofreu algum tipo de brutalidade explícita por parte das pessoas significativas?
  15. Você se sente desconfortável só de pensar em questionar o caráter das pessoas significativas de sua infância?
  16. Sente que, de forma direta ou indireta, a excessiva exposição ao seu ambiente de origem comprometeu significativamente a sua vida, sua saúde emocional e física?
  17. Você se percebia constantemente preocupado com a busca de aprovação alheia, ou era totalmente indiferente aos pensamentos e sentimentos de terceiros?
  18. Se você expressa-se alguma forma de rebeldia, como esta era recebida por parte dos adultos significativos?
  19. Havia algum adulto significativo que “realmente lhe enxergava emocionalmente” e que se mostrava, de forma empática, presente para você?
  20. Você se sentia obrigado a estar sempre presente e disponível para as realidade emocionais de seus adultos significativos?
  21. Você experimentava profundos sentimentos de ansiedade, medo, solidão e estresse? Em caso afirmativo, como lidava com tais sentimentos? Como era a sua “estratégia de sobrevivência?”
  22. Você sentia que as pessoas significativas não o tinham como um “sensível ser humano”, a não ser quando, de algum modo, você lhes era “conveniente” para a realização de suas necessidades autocentradas?
  23. Alimentava desejos de morte com relação as pessoas significativas da sua infância? Tinha medo de ser castigado por tais desejos?
  24. Você se sentia profundamente solitário ao ponto de pensar e sentir não ser filho legitimo de seus pais?  
  25. Quais os sentimentos que lhe vêm à tona quando medita sobre a realidade física e emocional de seu ambiente de origem?
  26. Sente a imperiosa necessidade de continuar negando, tanto o ambiente original como a realidade de seus sentimentos?
  27. Hoje, você consegue estar totalmente presente consigo mesmo? Sente dificuldades de estar emocionalmente presente junto aos demais?
  28. Sofre quando percebe que as pessoas não lhe enxergam?
  29. Insiste em alimentar relacionamentos com “seres emocionalmente indisponíveis”?
  30. Busca por ambientes onde não há a mínima possibilidade de autenticidade emocional?
  31. Sente-se farto de representar papéis e de fazer usos de máscaras sociais, mas sente medo, culpa ou vergonha só ao pensar na possibilidade de abandonar tais máscaras e papéis?
  32. Percebe-se num constante mecanismo de auto-sabotagem com relação a pessoas e ambientes que possam nutrir sua capacidade de validação e de dar e receber amor?
  33. Percebe-se “viciado” em repetir a nefasta atmosfera emocional interna de traumatização da infância — a qual quase sempre se derrama nas situações externas, perpetuando e retransmitindo assim o inicial processo de adulteração do ser original?
  34. Você teve de aprender muito cedo que o amor e o reconhecimento só podem ser obtidos ao preço da recusa das próprias necessidades, das emoções e dos sentimentos (como ódio, asco e aversão), ou seja, ao preço do abandono de si mesmo?
  35. Sente que sua capacidade de amar e confiar permanece bloqueada devido uma constante e confusa luta interna?
  36. Sente-se totalmente impotente no que diz respeito ao rompimento do bloqueio da capacidade de amar, responsável pelo constante estado de confusão e luta interna?
  37. As pessoas significativas em sua infância foram capazes de suprir suas necessidades de intimidade e calor humano?
  38. Sente dificuldade em perceber o processo pelo qual se deu o sufocamento de seu ser original?
  39. Sente-se prisioneiro do medo, da submissão, do ajustamento, da autonegação e da cegueira emocional?
  40. Tenta mascarar o sentimento de impotência advindo de tais sentimentos que reproduzem a traumatização da infância, através de atitudes de abuso de poder ou pelo exercício de uma rebeldia não-inteligente?
  41. Consegue perceber que o exercício do abuso do poder ou a rebeldia não-inteligente perpetua a incapacidade da manifestação de uma verdadeira e nutritiva comunicação?
  42. Ao longo de sua trajetória, você se sentiu acompanhado com paciência e carinho, se sentiu apoiado em seu amadurecimento físico, psíquico e moral? Ou viu-se constantemente forçado ao ajustamento de uma Tradição que abafava a livre manifestação do Ser?
  43. Você já teve, de fato, alguém capaz do exercício de uma atenta escuta empática, com quem possa sentir a liberdade de expressar suas negligenciadas necessidades da infância?
  44. Você, alguma vez, como filho, percebeu que tinha o direito ao amor e a atenção de seus pais, mas que teve que renunciar a isso, devido a adulteração psíquica dos mesmos?
  45.  Olhando para os nossos relacionamentos, qual tem sido o nosso papel? Temos sido mais um inconsciente adulterador psíquico ou um consciente Cuidador do Ser que somos?
  46. Sente que sua capacidade de nutrir genuínos e profundos sentimentos por outra pessoa encontra-se de certa forma prejudicada?
  47. Como você se sente com relação a si mesmo e a sua vida? Até que ponto sua vida tem sentido, é plena e rica? Precisa de superatividade para aliar sua ansiedade?  
  48. Você se sente à vontade com relação a seu eu mais íntimo na presença dos outros, ou pelo menos com certas pessoas com quem você tem alguns objetivos em comum? 
  49. Quanta alegria você é capaz de sentir, de dar e receber? Você é atormentado por ressentimentos, ansiedades e tensão ou pela solidão e por uma sensação de isolamento? 
  50. Você está pronto para ser radical e perceber onde extraíram de você o ouro de sua vivacidade original e lhe apresentaram uma vida de plástico? Sente-se pronto a confrontar-se com a verdade de sua infância e a enxergar suas pessoas significativas sob uma ótica real e, portanto, livre do peso asfixiante da moral?



"Vivenciar sem limites" [Ausleben] um ódio está em oposição ao fato de "vivenciá-lo em profundidade"[Erleben]. Este último processo [Erleben] é uma realidade intrapsíquica, sendo que o primeiro [Ausleben] é um ato que pode custar a vida de outras pessoas. Quando o caminho para a vivência em profundidade encontra-se impedido por proibições oriundas da "pedagogia adulterante" ou pela necessidade dos pais, tem-se necessariamente como resultado a vivência sem limites. Isso pode mostrar-se na forma destrutiva, como no caso de Hitler, ou na forma autodestrutiva,como no caso de Christiane F. Mas também pode ser expresso tanto na destruição de si mesmo como na destruição dos outros, como é o caso da maioria dos criminosos encarcerados nas prisões. — (Alice Miller)

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"É porque se espalha o grão que a semente acaba
por encontrar um terreno fértil."-
Júlio Verne


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"A aventura é, sempre e em todos os lugares, uma passagem pelo véu que separa o conhecido do desconhecido; as forças que vigiam no limiar são perigosas e lidar com elas envolve riscos; e, no entanto, todos os que tenham competência e coragem verão o perigo desaparecer." — Joseph Campbell em, O Herói de Mil Faces

"Acredito que o maior presente que alguém me pode dar é ver-me, ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro. Quando isso acontece, sinto que fizemos contato" — Virginia Satir

"A mente inocente é aquela que não pode ser ferida. Uma mente sem marcas de ferimentos recebidos — eis a verdadeira inocência; temos cicatrizes no cérebro e, com elas, queremos descobrir um estado mental sem ferimento algum. A mente inocente não pode ferir-se (isto é, sofrer ofensa), porque nunca transporta um ferimento de dia para dia. Não há, pois, nem perdão, nem lembrança.[...] A mente em conflito não tem nenhuma possibilidade de compreender a Verdade" — Krishnamurti