quinta-feira, 14 de abril de 2016

A adulteração da separatividade egóica


Quando uma criança nasce ela não está separada. Quando a criança está no útero da mãe ela é parte da mãe, ela não existe separadamente. Daí ela nasce — então, também permanece parte da mãe. Ela continua sendo alimentada pela mãe. Depois continua girando em torno da mãe. E então, pouco a pouco, ela cresce. 

Esse crescimento pode ser de dois tipos. Se ela crescer como crescem as pessoas comuns, então vai crescer na direção de um ego, vai se tornar dura, criar uma carcaça dura em torno de si, e isso vai torná-la infeliz. Essa não é a maneira certa de crescer. Algo se degenerou, algo deu errado. 

Para mim, se a mãe é religiosa, se o pai é religioso, se a família é religiosa... E quando eu digo religioso não quero dizer que são cristãos, hindus, muçulmanos, jainistas ou budistas — isso não tem nada a ver com religião. Na verdade, todas essas coisas jamais permitem que a religião se desenvolva. Se uma criança é obrigada a seguir um dogma, uma ideologia dogmática, então o ego juntará coisas, o ego vai se tornar cristão, e vai ser contra os hindus e contra os muçulmanos. Ou então o ego vai se tornar hindu e será contra os cristãos e contra os muçulmanos. 

Mas se a casa for realmente religiosa — e por religioso quero dizer meditativo, amoroso —, ela vai ajudar a criança a existir, mas sem o ego. Vai ajudar a criança sentir cada vez mais a afinidade, a unidade que existe. A criança tem de ser ajudada; ela é indefesa, ela não sabe onde está, não sabe para onde está indo. Se ela for amada e houver um ritmo meditativo na família e se a família vibra com o silêncio e a compreensão, a criança vai começar a crescer na direção de uma maneira de ser mais orgânica. Ela não vai ser separada, vai começar a aprender como se tornar parte. 

Isso não aconteceu. Não estou lhe dizendo que você deve ficar com algum ressentimento a respeito disso. Mas você pode fazer isso agora: pode parar de ajudar seu ego e começar a se livrar da carga. Faça questão de não perder nenhuma oportunidade em que consiga se sentir unido a algo. Se estiver uma noite de lua cheia, sinta-se unido à noite de lua cheia. Permita-se fluir... jorrar com ela, dançar, cantar... e livre-se de seu ego.

Osho

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"Acredito que o maior presente que alguém me pode dar é ver-me, ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro. Quando isso acontece, sinto que fizemos contato" — Virginia Satir

"A mente inocente é aquela que não pode ser ferida. Uma mente sem marcas de ferimentos recebidos — eis a verdadeira inocência; temos cicatrizes no cérebro e, com elas, queremos descobrir um estado mental sem ferimento algum. A mente inocente não pode ferir-se (isto é, sofrer ofensa), porque nunca transporta um ferimento de dia para dia. Não há, pois, nem perdão, nem lembrança.[...] A mente em conflito não tem nenhuma possibilidade de compreender a Verdade" — Krishnamurti