O que acontece se a mãe não está apta a ajudar seu filho? E se além de não estar em condições de perceber as necessidades da criança, como é comum, ela própria também é carente? Então, ela tentará mitigar suas próprias necessidades por intermédio de seu filho, o que não exclui uma forte ligação afetiva. Nessa relação de conotação aproveitadora do filho, porém, faltam os componentes vitais como segurança, continuidade e constância; e, principalmente, uma estrutura em que a criança possa vivenciar os seus sentimentos e emoções. A criança desenvolverá, dessa forma, algo de que a mãe necessite e que salva sua vida momentaneamente ( o "amor" da mãe ou do pai), mas que, eventualmente, a impedirá de ser ela mesma. Nesse caso, as necessidades naturais apropriadas para a idade da criança não podem ser integradas, sendo alienadas ou divididas. Essas pessoas, no futuro, viverão no seu passado, sem o saber.
A maioria das pessoas depressivas que me procurava, quase sempre tinha mães extremamente inseguras e que, frequentemente, sofriam de depressão. Os filhos, únicos ou primogênitos, eram vistos como sua propriedade. O que essas mães não tiveram de suas progenitoras, agora encontravam em seus filhos, ou seja: estarem disponíveis, serem usados como eco, serem controlados, estarem totalmente centrados nelas, nunca as abandonar, e lhe oferecerem plena atenção e admiração. Se elas se sentissem sobrecarregadas pelas necessidades dos filhos (como outrora aconteceu com suas mães), não estavam mais tão indefesas, não mais se deixariam tiranizar, pois podem criar os filhos sem chorar ou se perturbar. Finalmente, podem conseguir consideração e respeito ou, ainda, a preocupação por suas vidas, por seu conforto, coisa que seus pais ficaram lhes devendo.
Alice Miller em, O Drama da Criança Bem Dotada
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