E eu não digo que os pais tenham se dado conta de que estão explorando a criança, que estão impondo uma escravidão sobre a criança, que estão destruindo a criança, que a estão tornando estúpida, sem inteligência, que todos seus esforços para condicionar a criança como hindu, como um maometano, como um cristão, como uma jaina, como um budista, são desumanos; eles não percebem, mais isso não muda os fatos.
A criança está sendo condicionada pelos pais de maneiras horríveis, e certamente a criança é indefesa: ela depende dos pais. Ela não pode se rebelar, não pode escapar, não pode proteger a si mesma. Ela é absolutamente vulnerável, portanto pode ser facilmente explorada.
O condicionamento dos pais é a maior escravidão do mundo. Deve ser completamente erradicado, somente então, e pela primeira vez, o homem poderá ser realmente livre, verdadeiramente livre, autenticamente livre, porque a criança é o pai do homem. Se a criança é educada de maneira errada, a humanidade inteira fica lesada. A criança é a semente: se a própria semente é envenenada e corrompida por pessoas bem-intencionadas, por pessoas de boa-vontade, então não há qualquer esperança de se ter um ser humano livre e singular, então esse sonho jamais poderá ser realizado.
O que você pensa ter, não é individualidade, é apenas personalidade. É algo cultivado em você, em sua natureza, pelos seus pais, pela sociedade, pelo padre, pelo político, pelos professores. O professor, do jardim da infância à universidade, está a serviço dos interesses estabelecidos, está a serviço do sistema. O seu propósito é destruir cada criança de tal forma, mutilar cada criança de tal forma, que ela se ajuste à sociedade vigente.
Existe um medo. O medo é que se a criança for deixada sem condicionamentos desde o princípio, ela será tão inteligente, ela será tão alerta, consciente, que todo seu estilo de vida será de rebelião. E ninguém quer rebeldes; todos querem pessoas obedientes.
Os pais amam os filhos obedientes. E lembre-se, a criança obediente é quase a criança mais estúpida. A criança rebelde é a inteligente, mas ela não é respeitada ou amada. Os professores não a amam, a sociedade não a respeita; ela é condenada. Ou é levada a fazer concessões para a sociedade, ou é forçada a viver com uma sensação de culpa. Naturalmente ela sente que não tem sido boa para os pais, que não os têm deixado felizes.
Lembre-se perfeitamente bem que os pais de Jesus não estavam felizes com jesus, os pais de Gautama Buda não estavam felizes com Gautama Buda. Essas pessoas eram tão inteligentes, tão rebeldes... como os seus pais poderiam estar felizes com elas?
E cada criança nasce com possibilidades tão grandes, com tanto potencial, que se tiver permissão e for auxiliada a desenvolver a própria individualidade sem qualquer impedimento vindo dos outros, teremos um mundo lindo, teremos muitos Budas e muitos Sócrates e muitos Jesuses, teremos uma tremenda variedade de gênios. O gênio acontece muito raramente, não porque gênios nasçam raramente, não; o gênio acontece raramente porque é muito difícil escapar do processo de condicionamento da sociedade. Somente de vez em quando uma criança consegue, de alguma forma, escapar de suas garras.
Osho
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