sexta-feira, 1 de abril de 2016

Nossa passagem pelo nascimento

Continuamos a ser influenciados por condições externas durante o nascimento e na nossa infância e vida posterior. Profissionais de vários campos estão agora começando a explorar e aceitar a ideia de que o modo como nascemos também tem um importante efeito sobre o nosso desenvolvimento. Obviamente não é o único fator responsável pelo que nos tornamos, mas é um dos essenciais. 

Os indivíduos que revivem seu nascimento descobrem que certos padrões no seu comportamento só fazem sentido se determinados por detalhes do seu parto. Antes eles mistificavam tais aspectos de si mesmos; quando tentavam entendê-los em relação à infância, era como tentar encaixar um pino redondo num buraco quadrado: simplesmente não encaixava. Quando começaram a se abrir para a possibilidade de a sua experiência de nascimento estar na raiz de algumas das suas dinâmicas pessoais, as questões começaram a ser respondidas. O pino subitamente se encaixava. 

Para a maioria de nós, o processo de nascimento é intenso, difícil e, às vezes, violento. O nosso mundo subitamente muda de maneira drástica. Somos aprisionados em confins estreitos, pressionados ritmicamente por contrações impiedosas e, muitas vezes, perdemos o generoso suprimento de ar do cordão umbilical. às vezes isso dura horas ou até mesmo dias. No entanto, muitas pessoas que na maturidade trabalham sobre as lembranças de nascimentos relativamente sem complicações experimentam a passagem pelo canal de nascimento como o primeiro grande desafio da sua existência, um desafio de que podem emergir vitoriosas. O nascimento faz parte da vida, um rito natural de passagem por que todos passamos. Enfrentar esse teste e emergir para um novo mundo é uma grande realização. Aprendemos que, mesmo que enfrentemos dificuldades como parte de nossa natureza humana, temos forças para superá-las. 

[...] Um número significativo de pessoas que se estão recuperando de dependências químicas me disseram que descobriram uma ligação entre o uso da anestesia geral do nascimento e o desenvolvimento dos seus vícios posteriores. Afirmam que, embora esse não seja o único fator responsável por usarem substâncias químicas, parece ser o principal. Se as drogas que são introduzidas na mãe também alcançarem a criança, desestimulam uma libertação vitoriosa depois da passagem do bebê pelo canal de nascimento. Sentimentos de tontura, náusea e desorientação confundem a entrada do bebê no mundo. Quando adultos, ao reviverem o nascimento, frequentemente declaram que durante aquele evento receberam um sinal emocional e psicológico de que a liberdade da dor significa o envolvimento com substâncias químicas. Além disso, recebem a mensagem de que as drogas são um componente necessário quando enfrentamos desafios, um novo capítulo na vida ou a promessa de libertação pessoal. 

Christina Groff em, SEDE DE PLENITUDE - apego, vício e caminho espiritual 

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"Acredito que o maior presente que alguém me pode dar é ver-me, ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro. Quando isso acontece, sinto que fizemos contato" — Virginia Satir

"A mente inocente é aquela que não pode ser ferida. Uma mente sem marcas de ferimentos recebidos — eis a verdadeira inocência; temos cicatrizes no cérebro e, com elas, queremos descobrir um estado mental sem ferimento algum. A mente inocente não pode ferir-se (isto é, sofrer ofensa), porque nunca transporta um ferimento de dia para dia. Não há, pois, nem perdão, nem lembrança.[...] A mente em conflito não tem nenhuma possibilidade de compreender a Verdade" — Krishnamurti