terça-feira, 29 de março de 2016

Aproximando-se da verdade da primeira infância


Quando um indivíduo consegue aproximar-se da verdade da sua primeira infância e libertar-se dos tabus e pressões da educação, desde cedo interiorizados, portanto, também daqueles da introjeção, isso se constitui num FATO SOCIAL, e não num evento meramente privado. As pessoas com quem convive sempre sairão ganhando, mesmo quando esse indivíduo não consegue perdoar os pais tão facilmente quanto uma criança bem-educada, pois ele está só começando a perceber SUAS PROFUNDAS FERIDAS. Com efeito, ele não tentará educar os outros, não tentará apelar à conciliação, à compreensão pelos pais, à razão; saberá que justamente por meio dessas tentativas é que SE ADOECE QUANDO CRIANÇA e, para ele, sempre será uma preocupação não encobrir essa verdade dentro de si. E isso tem até um significado político, pois a inverdade revela-se por si mesma, quando na multidão existe uma única pessoa que não compartilha das mentiras, como no conto de fadas de Andersen, "A Nova Roupa do Imperador", em que o clamor espontâneo de uma criança devolve aos adultos a capacidade perdida de perceber a realidade. Se a Testemunha Esclarecedora puder ajudar um indivíduo a vivenciar seu verdadeiro SELF, em vez de educá-lo de forma disfarçada, então ele já terá feito algo para a sociedade e para a ciência. 

Alice Miller em, Não Perceberás

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"É porque se espalha o grão que a semente acaba
por encontrar um terreno fértil."-
Júlio Verne


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"A aventura é, sempre e em todos os lugares, uma passagem pelo véu que separa o conhecido do desconhecido; as forças que vigiam no limiar são perigosas e lidar com elas envolve riscos; e, no entanto, todos os que tenham competência e coragem verão o perigo desaparecer." — Joseph Campbell em, O Herói de Mil Faces

"Acredito que o maior presente que alguém me pode dar é ver-me, ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro. Quando isso acontece, sinto que fizemos contato" — Virginia Satir

"A mente inocente é aquela que não pode ser ferida. Uma mente sem marcas de ferimentos recebidos — eis a verdadeira inocência; temos cicatrizes no cérebro e, com elas, queremos descobrir um estado mental sem ferimento algum. A mente inocente não pode ferir-se (isto é, sofrer ofensa), porque nunca transporta um ferimento de dia para dia. Não há, pois, nem perdão, nem lembrança.[...] A mente em conflito não tem nenhuma possibilidade de compreender a Verdade" — Krishnamurti