Quando um indivíduo consegue aproximar-se da verdade da sua primeira infância e libertar-se dos tabus e pressões da educação, desde cedo interiorizados, portanto, também daqueles da introjeção, isso se constitui num FATO SOCIAL, e não num evento meramente privado. As pessoas com quem convive sempre sairão ganhando, mesmo quando esse indivíduo não consegue perdoar os pais tão facilmente quanto uma criança bem-educada, pois ele está só começando a perceber SUAS PROFUNDAS FERIDAS. Com efeito, ele não tentará educar os outros, não tentará apelar à conciliação, à compreensão pelos pais, à razão; saberá que justamente por meio dessas tentativas é que SE ADOECE QUANDO CRIANÇA e, para ele, sempre será uma preocupação não encobrir essa verdade dentro de si. E isso tem até um significado político, pois a inverdade revela-se por si mesma, quando na multidão existe uma única pessoa que não compartilha das mentiras, como no conto de fadas de Andersen, "A Nova Roupa do Imperador", em que o clamor espontâneo de uma criança devolve aos adultos a capacidade perdida de perceber a realidade. Se a Testemunha Esclarecedora puder ajudar um indivíduo a vivenciar seu verdadeiro SELF, em vez de educá-lo de forma disfarçada, então ele já terá feito algo para a sociedade e para a ciência.
Alice Miller em, Não Perceberás
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